segunda-feira, 5 de agosto de 2013

PRESSA.

Hoje acordei introspectiva. Pensativa, mais reflexiva do que o usual. A caminho da fisioterapia fui olhando a orla. Vi pessoas correndo, crianças brincando, surfistas... e muitos carros buzinando em ritmo frenético. Antes de abrir o sinal, os carros que estavam atrás já estavam buzinando pedindo passagem. Todos com pressa.
Chegando na clínica a recepção estava lotada. Todas as cadeiras ocupadas e um senhor (bem mais velho que eu) cedeu gentilmente o lugar para eu sentar. Duas horas e meia depois, eu aguardava o último aparelho para terminar minha sessão do dia, quando uma senhora sentou-se ao meu lado puxando conversa.
Ela: - Estou cansada de esperar. Estou aqui desde dez horas da manhã.
Eu: Silêncio.
Ela: - Você falta que aparelho?
Eu: - Ondas curtas.
Ela: - Eu também. Você chegou depois de mim, não foi?
Eu: - Estou aqui desde as nove e meia...
Ela: - Não senhora!! Cheguei primeiro do que você. Eu vi a hora que você chegou e sentou próximo à cadeira de rodas. Eu estava conversando com minha filha ao celular e era exatamente dez e dois (se referindo até aos minutos).
Eu: Cara de paisagem. (lembrando que havia sentado em outro lugar, após assinar a autorização do exame, cerca de meia hora depois que havia chegado)
Ela: - Minha filha, eu sou a próxima né? Estou com pressa! Perdi a manhã inteira aqui e não resolvi nada do que eu tinha pra fazer hoje. Esse povo daqui é muito lerdo. A gente perde uma manhã pra fazer uma bobagem. (bradou com auxiliar da fisioterapia)
Auxiliar: - Ela é a próxima! Ela chegou primeiro do que a senhora. (apontando pra mim)
Ela: - Chegou nada!!! Vi muito bem a hora que ela chegou! Eu sou a próxima!!!!
Silêncio enquanto as atendentes se entreolhavam. O aparelho ficou vago e a atendente olhou para mim, esperando minha reação.
- Pode deixar ela passar em minha frente, Jô. Ela tem pressa. Eu também já tive muita um dia...
E a senhora num rompante, entrou na sala de procedimentos.
- Cleo, me desculpe. E obrigada pela compreensão. Sei que você chegou primeiro. Foi muito educado de sua parte permitir que ela entrasse, pois é muito desgastante para nós lidar com pessoas desse tipo.
- Não se preocupe, querida. Sei bem como é isso. Como falei, já tive muita pressa um dia. Já corri muito, de um lado para o outro tentando resolver os meus problemas e ainda os dos outros. Vivia com pressa. Acordava apressada, dormia pouco. Corria pra concluir um trabalho, pra entregar uma encomenda, pra servir os outros. Mas agora, não posso correr mais. Olhe aqui...(mostrando as muletas) Mal consigo andar. É isso mesmo! (risos)
Ela sorriu docemente.
Moral da história: Às vezes não adianta correr e não chegar a lugar nenhum. Tudo é na hora de Deus. Às vezes, ocorrem situações para nos dar um FREIO e fazer com que cuidemos um pouco mais de nós mesmos. Situações essas que não nos permite fugir...

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