terça-feira, 13 de agosto de 2013

Um passeio no INSS - Parte I

Como é de domínio público, sofri um pequeno acidente e precisei fazer uma cirurgia para reconstrução dos ligamentos do joelho direito. A cirurgia seria indispensável e mais delicada do que eu poderia imaginar, há 4 meses atrás quando sofri o acidente. Confesso que achei que fosse apenas um deslocamento de rótula, no momento da queda e, foi somente no dia 10 de maio, que fiquei sabendo da gravidade da minha lesão.
O médico, Dr. Marco Baqueiro, profissional experientíssimo, entrou no quarto no dia seguinte a operação e exclamou:
- O que foi isso, menina? Que queda foi essa? Seu joelho estava destruído!!! Abri achando que seria sério, mas o trauma foi maior do que eu pensava!! Que queda, hein?!
Prova disso foi a cirurgia que durou 4 horas, mas felizmente no dia seguinte já estava de alta e começava minha peleja: aprender a ter PACIÊNCIA.
A fisioterapia só pôde começar um mês depois, pois no 16º dia, após a retirada dos pontos, o local abriu, devido a um edema em um dos pinos. Meu cabelo começou a cair muito e fiquei muito inchada. Sentia dores terríveis nas pernas e na coluna, no local da anestesia. Não podia dormir de lado, muito menos de bruços. Usei aparadeira durante três semanas e a hora do banho era terrível! Sentar na cadeira de banho era uma tortura, vestir a roupa então, uma verdadeira gincana. Tudo era difícil. Tudo era muito dolorido. Um dia, voltando da fisioterapia, escorreguei na garagem. A sorte é que estava apoiada no ombro do Curico. Mesmo assim, finquei sem querer a perna operada no chão e o joelho inchou na hora. Doeu muito. Não toquei o pé no chão o resto da semana. Foi muito sofrido. Engordei 7 quilos após a cirurgia e não havia nenhuma roupa que coubesse. Nenhuma sandália ficava confortável.
Com o passar dos dias, fui ganhando força. No primeiro dia, não conseguia tirar o pé do chão sem a ajuda das mãos. Perdi os músculos da perna direita e com isso, toda a força necessária para fazer os exercícios. Não conseguia sentar ereta, subir na maca, colocar o pé sobre o skate. Dobrar o joelho, nem pensar!! No início da trigésima sessão, comecei a aprender a caminhar apenas com uma muleta. Estava ótima e ganhando confiança! Foi quando a fisioterapeuta resolveu forçar mais um pouco e introduziu um pesinho de 1/2 quilo nos exercícios. No dia seguinte não pisei no chão. Cheguei no consultório com duas muletas novamente e ela bradou: -  O que é isso, Cleo??? O estrago já estava feito. Passei mais 3 dias sofrendo de dor, enquanto ela forçava o joelho na tentativa de não perder a dobradura da semana anterior. Não deu outra, voltei pro médico com uma tendinite e em conseguinte pros anti-inflamatórios/injeções à base de corticóide. Voltei praticamente à estaca zero. Dr. Marco suspendeu os exercícios e receitou mais 10 sessões de fisioterapia anestésica. Isso foi há cerca de 15 dias. Na sexta-feira passada voltei para a revisão. Ele me liberou novamente (durante 6x por semana) aos exercícios e ainda me prescreveu 2x por semana, sessões de hidroterapia.  Haja dinheiro pra tanto taxi!!! :(
No ensejo, aproveitei e perguntei quanto tempo ele estimava para a minha recuperação, pois precisava voltar pra casa, pro trabalho e pra minha rotina. Ele me deu mais 90 dias e transcreveu tudo num relatório, que eu deveria entregar na segunda perícia do INSS, dia 13/08, mais precisamente HOJE.
- Mais 3 meses, doutor? Tudo isso??
- Você não perdeu apenas uns ligamentos, Cleane, você sofreu um trauma, portanto, precisa de tempo e disciplina pra se reabilitar. Você não têm a mínima condição de voltar a trabalhar, por enquanto. Tem que ter paciência! Logo, logo, quem sabe até você não poderá fazer a fisioterapia em casa!?
- Mas Doutor, não vou precisar de exames novos? Questionei.
- Não há necessidade. A ressonância por si só fala tudo. No mais, tá tudo aqui no relatório. 

Hoje, cinco horas da madrugada já estava de pé. Não preguei os olhos à noite, imaginando passar pela humilhação chamada PREVIDÊNCIA SOCIAL. Minha última experiência tinha sido uma catástrofe. Fui tratada como um repolho na última perícia. Estava com todos os documentos, exames e o relatório médico (com a previsão de afastamento de 6 meses). Deferiram 2 meses. Tava fud*** com curativos e o local ainda inflamado e a criatura mal olhou na minha cara. Hoje foi ainda pior. Como todo castigo pra corno é pouco, aquele Exú ainda apertou meu joelho inflamado. Perguntou se não havia nenhum exame pós-operatório e não tocou no relatório médico. Perguntou o "por que" de eu estar com duas muletas e quase que eu respondi que era "moda". Expliquei que estava com tendinite e ele pediu o exame que comprovaria o que eu estava dizendo. 
- O médico não fez. Apenas examinou e prescreveu a medicação. Respondi.
Antes que eu terminasse a frase, ele mandou eu me dirigir a outra sala para ser examinada por outra perita.
- Colega, olhe aqui esse caso... ligamento... veja aqui... tem 3 meses de operada.
Ela pediu meu RG e retrucou sobre o cadastro. Informou que o nome da minha mãe estava divergente da minha identidade. Retrucou sobre o sobrenome e perguntou se eu tinha dois nomes? Apresentei o documento comprovando que era separada e só assim ela começou a digitar. 
- Não devia fazer sua perícia, pois seu cadastro está errado! Mas, já está pronto! A senhora pode aguardar o resultado lá fora.
Meia hora depois...
- Dona Cleane... assine aqui onde está o "X". Bradou o atendente.
E logo no primeiro parágrafo estava lá: 
IN-DE-FE-RI-DO AUXÍLIO DOENÇA - APTO(A) PARA AS ATIVIDADES LABORAIS.
Na hora me deu uma miséria ruim por dentro, uma espécie de dor de barriga... Já estava suando, nervosa com o tratamento daquelas duas criaturas. Saí de lá meio atordoada. Voltei pra casa com uma terrível dor de cabeça e fiquei sem saber o que fazer.
Mais tarde, resolvi ligar pra formiga-irmã. Ela já havia trabalhado no call center do INSS, certamente, poderia me orientar.
- Formiga-irmã, aconteceu isso, isso e isso. O que é que eu faço agora?
- Bom, você pode solicitar uma reconsideração do seu pedido, apresentar novos exames e outro relatório médico atestando sua incapacidade pro trabalho, mas eu duvido muito que eles defiram. Lá é mais ou menos o seguinte, se você está com uma perna lenhada, mas ainda tem a outra perna, tá apto pra trabalhar. Afinal, saci só tem uma perna, não é mesmo?? E caiu na gargalhada.
- Sem brincadeira, formiga-irmã e se eu der entrada no pedido de reconsideração e for indeferido novamente? E aí?
- Daí você volta pro trabalho ainda mais endividada e ainda  perde os dias que ficou aguardando nova perícia...só se o sistema mudou...
- Então não tem jeito. Tô num mato sem cachorro. O que eu faço agora, pelamordedeus???
- Você pode pegar o busú Terminal da França ou Comércio/Lapa, que é mais vazio, pedir ao motorista pra descer no ponto do TCA e seguir sentido a praça do Campo Grande, pra CHORAR NO PÉ DO CABOCLO!!! Aproveita que você está usando muletas. Dá pra entrar pela frente. Se der sorte, é capaz do cobrador nem ir até você registrar a passagem! (Oi????)

Merece os aplausos.

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