sábado, 12 de novembro de 2011

Grossa, eu? (Parte I)

Ultimamente quase todos os meus chutes, em todas as áreas da minha vida, estão batendo na trave. Nos últimos meses inclusive, eu diria. Estou numa decepção tamanha que fica quase impossível fingir normalidade. E dá muito trabalho fingir normalidade. Tem horas em que cansa fazer aquela “cara de paisagem”, ou fingir que você não percebeu aquela indelicadeza, ou até mesmo fingir que aquela ação não te causou estranheza. Às vezes fica difícil disfarçar. Outras vezes, não estou com paciência em disfarçar. E é quando a gente acaba surpreendendo as pessoas: “mas você fez isso?” “não acredito que ‘é você’ que dizendo isso!” 
Como costumo dizer, as pessoas preferem uma mentira sincera. Não estão acostumadas com a verdade. E muitas vezes, fogem de pessoas verdadeiras com medo de ouvirem em algum momento algo que não querem, temem em serem descobertas. Não conseguem conviver com elas mesmas e fogem de pessoas que podem revela-las como elas realmente são. Como diria Cassia Eller: “o mundo está ao contrário e ninguém reparou...”

A gente até tenta, se arrisca, mas o mundo está aí pra qualquer um ver. As pessoas estão aí, para quem quiser comprovar. E tudo está muito estranho. E você se pergunta até quando, até quando... até quando?

E você muitas vezes precisa disfarçar, se adequar... pra não passar uma vergonha maior, pra não se frustrar ainda mais... você tem vergonha pelas pessoas, pelos pensamentos e comentários fúteis, desnecessários, pelos comportamentos. Você observa os jovens e os mais velhos, e os balzaquianos e imagina que não terá surpresas... mas daí você têm! E você vai seguindo... tentando encontrar um caminho, uma saída para aplacar essa agonia, pra não ter de usar desse personagem que muitas vezes você precisa assumir como defesa, mas uma hora você se cansa. Você se vicia em ser você mesmo, de um jeito ruim. É como se vestisse uma roupa velha que tomou a forma do seu corpo. Ela não é você, mas acaba sendo. E quando você tenta substituí-la por outra, não encontra uma que te sirva. E vai ficando, em parte por comodismo, em parte porque duvide que outra roupa lhe cairá tão bem quanto aquela. Você se cansou em fazer ajustes. E vai ficando... e você tenta mudar outras coisas. Muda a cor dos cabelos, muda o corte, muda os móveis de lugar, muda a roupa de cama... mas algo não se encaixa. Você sorri e finge que entende os outros, e finge que os outros te entendem... e fica nessa. Nessa de dizer que cada um que faça o que quiser de sua vida, mas que você não é assim! Você diz isso a todo momento: não, eu não sou assim!  Fala para você, comenta com os outros, fala para o outro. Mas você não sabe mais quem você é. Praticamente perdeu a identidade, pois te transformaram em outra pessoa. E mais uma vez você disfarça, você encena... e coisa e tal, e tal e coisa... e esfriou hoje, né? e o trânsito caótico, e o noticiário, e o bahêa e o feriadão...

Mas algo não se encaixa. Não faz muito sentido. Nada é o que (nem do jeito que) você procura.
***
E para aqueles que me conhecem, os que não me conhecem, que pensam que me conhecem e aos que nunca irão (ter o prazer em) me conhecer, eu deixo essa canção do Legião Urbana (1º de julho):

Eu vejo que aprendi
O quanto te ensinei
E é nos teus braços que ele vai saber
Não há por que voltar
Não penso em te seguir
Não quero mais a tua insensatez
O que fazes sem pensar, aprendeste do olhar
E das palavras que guardei pra ti
Não penso em me vingar
Não sou assim
A tua insegurança era por mim
Não basta o compromisso,
Vale mais o coração
Já que não me entendes, não me julgues
Não me tentes
O que sabes fazer agora
Veio tudo de nossas horas
Eu não minto, eu não sou assim
Ninguém sabia e ninguém viu
Que eu estava a teu lado então
Sou fera, sou bicho, sou anjo e sou mulher
Sou minha mãe e minha filha,
Minha irmã, minha menina
Mas sou minha, só minha e não de quem quiser
Sou deus, tua deusa, meu amor
Alguma coisa aconteceu
Do ventre nasce um novo coração
Não penso em me vingar (nã nã nã não)
Não sou assim
A tua insegurança era por mim
Não basta o compromisso
Vale mais o coração
Ninguém sabia e ninguém viu
Que eu estava ao teu lado então
Sou fera, sou bicho, sou anjo e sou mulher
Sou minha mãe, minha filha,
Minha irmã, minha menina
Mas sou minha, só minha e não de quem quiser
Sou deus, tua deusa, meu amor
Baby, baby, baby, baby
O que fazes por sonhar
É o mundo que virá, pra ti... para mim...
Vamos descobrir o mundo juntos, baby
Quero aprender com o teu pequeno grande coração
Meu amor, meu amor...
Baby...
 

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