terça-feira, 21 de dezembro de 2010

21 de dezembro de 2010. Recife/PE.



Uma confusão de pensamentos paira em minha mente. Um momento totalmente nostálgico e de muita dor e pesar.

Hoje tive um dos dias mais difíceis de minha vida. Um dia pelo qual nunca imaginei passar. Uma dor inigualável, um misto de falsa esperança, com esperança, com decepção, revolta e remorso. Uma dor de perda. Uma dor de fracasso, de derrota. Uma dor de insucesso. Um sentimento tão pequeno, tão ínfimo, que não tem conceito. Uma dor de náufrago. Um sentimento de solidão em meio a tudo.

Não sei onde encontrei forças. Não sei se por ver o esforço de meu pai, seu empenho, seu amor, sua dedicação, ou se pelo perdão da minha irmã, mesmo com sua dor física e moral, pelas suas lágrimas, talvez, pelos dois. Até por minha mãe, tão confusa e desorientada, mas presente, da sua forma. Por minha sobrinha, tão inocente no meio de tudo, correndo e brincando no saguão do aeroporto. Por minha cunhada, tão descrente e tão fragilizada. Tudo veio à tona em frações de horas. Um vendaval de ressentimentos. Eu não imaginava mais por onde essa estrada podia me levar. Não compreendia mais o motivo do esforço, não tinha mais certeza de "certo ou errado". Quantas vezes quis abraçar os problemas, segurá-los por alguns instantes que fosse para consolar, para acalentar?! Mas nunca temos a certeza de que nossas atitudes são as corretas. Nunca temos a ideia do que passa na mente do outro, da sua dor ou da sua fortaleza.
Quantas vezes, meu irmão, eu tentei evitar a sua saída de casa, sabendo que lá fora você não teria o que tem aqui? Quantas vezes eu tentei incutir em sua cabeça, valores os quais você não tinha condições de entender? Quantas vezes eu tentei sofrer por você e desafogar seu coração? Quantas vezes eu o perdoei (olhando seus olhos de promessa), quando na verdade queria perdoar a mim mesma por minha falta de tato?
Tá doendo muito. Sua ausência dói demais. A angústia pela falta de notícias parece um castigo. Não me parece a morte, que talvez seja o descanso para a alma e o inicio de tudo, mas me parece tortura, a ansiedade por um momento que não sabemos se irá chegar. A oportunidade que não sabemos se teremos novamente. A vitória que não depende de nossa vontade e esforço. O sofrimento desnecessário pela derrota (prévia) por algo muito menor que nós. É muito difícil conviver com esta realidade. Hoje foi difícil vê-lo passar por aquele portão de embarque... eu que te carreguei no colo, que te dei mamadeira, que te coloquei pra dormir, que troquei suas fraldas, que te dei banho, até mesmo depois de adulto... e assim faria tudo novamente, para ter de volta apenas alguns daqueles momentos que passamos juntos, felizes e despreocupados com o resto do mundo. Queria ser muitas Cleos, para trocar de lugar com você, com nossa irmã... queria sentir sua dor, entender seus motivos, lutar por você. Mas eu não posso. Isso não é possível.
Cabe apenas nesse momento, acreditar em sua força e pedir a Deus que cuide de você, onde quer que você esteja, já que não posso estar do seu lado para fazê-lo.
Eu te amo, meu irmão. Lamento muito tudo isso. Seja forte! Lute! Queira viver. Você é muito importante para nós. Estamos te esperando. Breve, estaremos juntos de novo.
Para os amigos:
Meus sinceros agradecimentos. Sem vocês nada disso seria possível. Provavelmente eu não resistiria... Jamais esquecerei todo o esforço e o bilhete cor de rosa com letras vermelhas dizendo:
“Cléo, amigos se ajudam em momentos assim. Tudo de bom!”
Ju, Manu, Cacá, Carla Adriana, Alex, Fá, Carol, Déia, Fran, Bela, Gabi, Laís e Carlos (meu muitíssimo obrigada pela vaquinha); Tia Lélia, Mestre dos Magos, Junior, Zana, Vaneska, Jondinho, Suzy, Tambone, Ailson, Nilma, Nai, Daise e Ana Carla, obrigada pelo ombro e pelas palavras de estímulo que me dão a certeza que não estou sozinha.
E todos aqueles (não dá pra citar todos os nomes) que, de certa forma, contribuem para que eu não fique aqui no chão.

2 comentários:

  1. Mamy, eu estou com você. Eu estarei com você sempre. Espero que Deus possa dar providência nesse momento. Todo sofrimento e dor, é passageiro. E, muito em breve, tudo acabará bem. Palavras dele: "No final tudo dará certo. Se ainda não deu certo,é porque não chegou no final."
    Te amo muito, Jel

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  2. Filha, obrigada mais uma vez. Você é uma filha maravilhosa, meu maior motivo de orgulho. Você e Leth, são como bússola em minha vida, me indicando a direção. Minha vida só tem sentido, porque vocês existem. Continue sendo essa menina educada, meiga, compreensiva e "cabeça", porque só colhemos aquilo que plantamos e o que sua mãe deseja, é o melhor para você.
    Também a amo demais.

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