Estava indo ter com Mestre dos Magos, domingo à tarde, quando notei algo de estranho. Bati os olhos em Morango, ou melhor, a chave e percebi que ele estava doente. O bichinho não queria pegar, não queria conversa. Dei água, óleo, fiz de tudo, mas o pobrezinho estava engasgado. Estava lá, macambúzio, faróis baixos, soluçando, ainda assim, não negou fogo. Finalmente ele funcionou e eu segui rumo a minha incursão. O importante era chegar lá. Pois é! Chegar eu cheguei, mas e voltar?? Voltar aí já seria uma ooooutra história.
Final do dia, boca de não sei que horas da noite, Morango desfaleceu. Deu pane geral!!! Ou seja, me deixou na mão em plena Avenida Beira-mar (eu já em águas, molhando as palavras desde cedo), longe como quê de casa. E agora? Olhei para Mestre dos Magos, que sugeriu... “Deixa Morango aí e vamos ali comer um Filé ao Molho 4 queijos, que é uma delícia, enquanto aguardamos o seguro!!” ADORO. Fazer o que?! “Tá no inferno, abraça o capeta!”, já dizia autor desconhecido...
O socorrista foi lá e deu um “J” em Morango. Levei-o para a oficina de meu ex-cunhado para consertar. Claro que o falecido (meu ex.), não iria perder a oportunidade de colocar o bedelho onde não é chamado. Quando viu meu carro na oficina, tratou logo de dar ‘pitaco’ no conserto do veículo. Aliás, ele mesmo resolveu sujar suas mãozinhas de graxa e tratou de desmontar Morango (fiquei sabendo disso depois). Só sei que na segunda-feira, antes do meio-dia, meu celular toca. Era o abençoado dizendo que o carro estava pronto!
- Quanto foi o conserto? Questionei.
– Não foi nada! Foi apenas uma mangueira que soltou. Respondeu o finado.
Lá vem coisa, pensei. Mas, vamos dar uma chance ao garoto, afinal, é fim de ano, época em que os corações ficam tomados pelo espírito do Natal. Quem sabe ele não está querendo umas fichas com Papai do Céu? Tornar-se um menino melhor, quem sabe? Sempre é tempo...
Saí do trabalho de carona com a Rainha dos Amplexos, que me deixou na porta da oficina. Tomei o maior susto quando rodo a chave e vejo o marcador de combustível sinalizando ¼ DE TANQUE. “Ai meu Deus, será que foi o Papai Noel? Consertou Morango e ainda abasteceu? Não. Não podia ter sido aquele projeto. DU-VI-DE-Ó-DÓ que ele fosse capaz de tanto. Isso é coisa de homem fino, sensível, não daquele esboço"... tive vontade de ligar e perguntar, mas me contive. Se fora uma boa ação, os anjos, Serafins e Querubins, tinham de recompensá-lo. Mas minha intuição é foda. Não ia me deixar enganar. Fora que "ex. é pior que lepra" e isso era um fato. Ontem à tarde, estou eu e Andreia (minha coligada firme), saindo da FLEM, quando bato na chave e nada de Morango funcionar. Tentei mais uma vez. Nada! Emputeci... pense no cão de camalaô?! Fui eu. Liguei pro infeliz e questionei: - “Ôh Pedro Bó, tu tens certeza que consertaste Morango da maneira devida? O pobre está aqui, sem querer ligar”...(mais ou menos assim)
- Teu carro não tem seguro? Liga pro Seguro. Falou ele do outro lado da linha. (oi?)
Senti um leve tom de “e eu com isso?” na voz daquele Exu sem luz. Aiiiii miserável...que ódio me deu daquela criatura. Sabia que o barato ia me sair caro. Se mera alusão ao nome daquele infeliz, já era sinal de mau agouro, coitadinho de Morango, que havia passado pelas mãos daquele infame.
Senti um leve tom de “e eu com isso?” na voz daquele Exu sem luz. Aiiiii miserável...que ódio me deu daquela criatura. Sabia que o barato ia me sair caro. Se mera alusão ao nome daquele infeliz, já era sinal de mau agouro, coitadinho de Morango, que havia passado pelas mãos daquele infame.
Respirei e liguei pro seguro. A imbecil da atendente, não sabia registrar o endereço.
- Qual o nome da rua, senhora?
- Não tem rua, minha filha, só avenidas. Estou no Centro Administrativo da Bahia. Sabe onde fica o Palácio da Alvorada? Tente fazer uma analogia... estou aqui parada, na terceira avenida do CAB, número 310, na Fundação Luis Eduardo Magalhães, próximo à Secretaria de Governo, mais precisamente em frente às Voluntárias Sociais...e bererê e caixa de fósforos, CEP e o escambau...
- Não posso registrar sem nome de rua, senhora.
Não houve jeito. Não dava pra desenhar pelo telefone. Sinal de fumaça, nem pensar. A criatura não conhecia o CAB. Nem a Avenida Paralela. Aliás, nem a Bahia. Tinha sotaque paulista. Eu estava nos infernos de costas. Havia gasto praticamente todo bônus, créditos, o diabo e a atendente não havia mandado a porcaria do guincho. Eis que surge a cereja do bolo: o infeliz do meu ex. liga pra saber como eu tinha “desenrolado” (no palavreado dele) o babado.
- Vásepumaporra!! (Gritei de lá) Tá me ligando pra que mesmo? Tenho seguro. Não tenho seguro? Então?! Pra que preciso de você se podemos ficar aqui eu e minha amiga nesse lugar a esmo esperando o guincho?? (falei chorando de raiva)
Essa hora já tinha juntado a atendente burra do seguro, a TPM, a conta de luz, a indecisão do presente de amigo-secreto, o autor da música "foge, foge, Mulher Maravilha", a barata que eu não havia conseguido matar lá em casa, olha, tinha juntado a porra toda (pra ficar ainda mais com raiva) e tinha descido ladeira com lata d’água na cabeça. Liguei novamente pro seguro e desta vez, falei com outra atendente. Muito mais “desenrolada” (não é que peguei?) que a outra. Em menos de dez minutos chegou o guincho (e a desgraça do meu ex.). Que zorra ele foi fazer lá?? Dar pitaco, é claro! Chegou cheio de moral, dando nota no trabalho do moço do guincho (que por sinal, o conhecia).
Virou-se pra mim e perguntou:
- O que teve o carro?
- Não sei. Não sou mecânico, esqueceu? O que deve ter sido, é que o incompetente que o consertou, deve ter feito merda. (tóin)
- Com certeza! O que mais tem por aí é profissional desqualificado. Completou o moço do guincho.
Não sabia o pobre do homem, que naquele momento, ele havia subido em meu conceito. Não sabia, inclusive, que aquele que ora estava em sua frente, era de fato o tal “profissional desqualificado”. O moço era da coligação. Valeu a raiva que eu passei ao ver a cara de atroado do “projeto de mecânico”.
Pois pasmem, senhoras e senhores: quando cheguei na oficina, não é que Morango pegou? O infeliz (que já estava lá de prontidão, para acompanhar a comédia da vida privada), ainda virou-se pra mim e disse:
- O carro está bom! Tem nada de errado com ele.
Vai ter de errado com a sua cara nesse instante, pensei. Ai que raiva!
Pra minha sorte, é que “os mecânico” da oficina “é tudo parcêro” e Psirico (nome do mecânico , meu brother) deu o parecer:
- É bomba!
- De mil... completei.
Bomba foi o rombo em meu orçamento mais tarde. Mas valeu à pena, pelo menos dei boas risadas com os meninos da oficina.
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