Que a vida é feita de escolhas, não resta dúvidas. A todo momento estamos fazendo escolhas, sejam elas conscientes ou inconscientes. Inclusive, até a decisão de nos omitirmos diante de uma escolha, já é uma escolha e esta, talvez seja a mais perigosa.
Outro dia conversava com um amigo sobre relacionamento. Falávamos das dificuldades de convívio e de como as pessoas ultimamente andam intolerantes e egoístas. Mas isso não é regra. Sabe-se que, cabeça de homem e mulher são mundos distintos, um verdadeiro labirinto, mas que por sua vez, possui apenas uma única saída. Muitas pessoas se deixam “escolher” e depois lamentam as consequências de tal atitude. Podemos mensurar o resultado disso, diante dos términos de relacionamentos que deixam sequelas singulares. Muitas catástrofes emocionais poderiam ter sido evitadas, simplesmente se os atores envolvidos tivessem sido mais decididos e imperativos. Mas, ao contrário, falta coragem até para desistir de algo que não está dando certo. Voltamos ao meu amigo, que me confessa estar sofrendo as consequências de sua separação intempestiva. Conta, que devia ter posto fim na relação enquanto ainda havia respeito e poucas arestas para aparar. No entanto, deixou correr a revelia, preferindo dar indícios para que sua companheira “tomasse a atitude”. Isso é o que geralmente acontece.
Questionei ‘o por que’ ele deixou isso acontecer e quais os motivos dele não ter dado um ponto final quando percebeu os problemas, que soavam com veemência. Ele me explicou, que ainda tinha sentimento pela ex-mulher, afinal, convivera anos a fio dividindo responsabilidades (sim, eles ainda tem um filho de sete anos) e que achava que, se ela tomasse a decisão de terminar, iria sofrer menos. Achei até louvável seu raciocínio, mas como disse anteriormente, cabeça de homem e mulher são mundos opostos. Claro, que ela não deve ter feito essa leitura, mas de fato, decidiu por acabar o casamento. Porém, ao contrário do que ele pretendia, ela não sofreu menos. Em vez disso ficou magoada e concluiu que aquele homem que ela escolhera e que deveria ser o único a fazê-la feliz, foi aquele que mais a fez sofrer. Pois é. A vida sempre envia sinais... mas como entendê-los?
Observem mais uma vez o exemplo... falamos que as pessoas estão menos tolerantes, mas vamos estudar o comportamento do meu amigo, em questão; ele começou a dormir fora de casa, chegava mau humorado, ficava recluso e introspectivo, dava apenas atenção ao filho e este era o único motivo que ainda o mantinha em casa aos finais de semana. Ela tolerava cada atitude e por vezes, se fazia de “João sem braços” para manter o romance, mas como o objetivo dele era dar-lhe cada vez mais motivos para a iniciativa da separação, ele se esmerava e criava novas situações para que “ela” percebesse que o amor tinha acabado.
Não seria mais justo um diálogo? Puts! Ninguém é obrigado a adivinhar o pensamento e as intenções do outro. Mais digno e menos sofrido. Bastava escolher o momento e as palavras certas (ainda que as palavras não sejam as mais certas), mas certamente seria menos traumático. Hoje ele percebe isso e se arrepende. Lealdade é algo sublime. Contudo, há também o outro lado da moeda. Estou comentando apenas o término de uma relação, mas há também o “começo”. O começo é deveras difícil, para quem não está acostumado a decidir, ou quem escolhe demais. Há um dito popular avisando que “quem muito escolhe acaba escolhido”. Entretanto, analiso que este aviso serve para alertarmos sobre o excesso de críticas, orgulho exacerbado e as comparações (muitas vezes inevitáveis) que paralisam na hora da tomada da decisão. Pessoas assim, muitas vezes são solitárias e pagam um preço muito alto, se privando do amor e da alegria do vivenciar o presente. Há de se ter cautela. Você já se perguntou o que realmente deseja quando o assunto é amor? O quanto está disposto a oferecer e receber numa relação? Se está realmente preparado a lidar com sentimentos como a insegurança, o ciúme, o individualismo e até mesmo as diferenças como: ritmo, idade, condição financeira, religião, etc?
O fato é que estamos sempre em busca da certeza. Como escolher entre o branco e o preto? Entre o certo (ainda que ruim) e o duvidoso (que pode ser maravilhoso)? Como ter a certeza se é hora de acelerar ou de dar um freio? Não há jeito. É preciso correr riscos. Não significa que com isso as pessoas devam aceitar qualquer relacionamento para aplacar seu pavor de ficarem só, mas que é necessário calibrar o coração e não ser negligente no momento de decidir, apenas com medo de viver.
O mais importante é viver a partir do que se tem, afinal, a hora de ser feliz “é agora” e nascemos tão somente para amar e sermos amados.
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