As cortesias.

Esta aconteceu comigo e duas amigas. O episódio ocorreu na orla de Salvador, antes da derrubada das barracas. Praia lotada, som, galera animada, cerveja gelada e tira-gostos. Logo percebemos alguns olhares. A essa altura não sabíamos se de admiração ou de susto, pois uma mesa com esse porte na capital baiana, atualmente, anda assustando os castiços! Três mulheres independentes, solteiras, sorrindo e molhando as palavras, papeando sobre os mais variados assuntos, quando surge a atendente da barraca (início do espetáculo):

- Meninas, aqueles rapazes mandaram entregar isto e disseram que vocês são lindas!

Olhamos e constatamos que na mesa havia exatamente três rapazes. Logo concluímos que, engraçadinhos como os baianos são, eles já haviam imaginado: vamos nos dar bem! Tratava-se de três cortesias para um “partido alto” que ia rolar horas mais tarde num barzinho, duas praias depois. Sorrimos e continuamos nossa conversa, disfarçando a indignação por aquele ato de extrema idiotice. Após cerca de uma hora, retorna a atendente:

- Olha, os rapazes me pediram pra avisar que já estão indo embora.

Sim, e daí? Pensei. Minha amiga bradou: - "Vão pela sombra!!" Gargalhamos e continuamos a papear. Quando os palhaços perceberam que conversávamos normalmente, tornaram a chamar a pobre da garçonete que voltou com essa pérola:
- Os rapazes estão pedindo os ingressos de volta para dar para aquela mesa (apontando para outra mesa, desta vez, com quatro meninas) já que vocês não querem ir com eles. (Oi?)

Indignadas, devolvemos as cortesias, que, detalhe..., estavam sendo distribuídas na praia pra quem quisesse. Que palhaçada! Bom, saíram todos com seus rostinhos vermelhos queimados de sol, dispensando os narizes de palhaço original.

Eu vivo numa escuridão dessa?